quinta-feira, 27 de agosto de 2009


Homenagem à Bezerra de Menezes

29 de agosto

Data de aniversário


Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu na Freguesia do Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama (CE), em 29 de agosto de 1831. Educado dentro de padrões morais rígidos, formou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e tornou-se mais que médico: missionário. "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta”, escreveu. Para ele, o doente representava o anjo da caridade que lhe vinha fazer uma visita e lhe trazia a única moeda que podia saciar a sede de riqueza do Espírito. Seus gestos de bondade e sua infatigável compaixão tornaram-se lendários. A carreira política de Bezerra de Menezes iniciou-se em 1861, quando foi eleito vereador municipal pelo Partido Liberal. Na Câmara Municipal da Corte desenvolveu amplo trabalho em favor dos mais pobres. Foi reeleito para o período 1864-1868 e elegeu-se Deputado Geral em 1867.
Novamente foi eleito vereador em 1873. Ocupou o cargo de presidente da Câmara, que atualmente corresponde ao de prefeito do Rio de Janeiro, de julho de 1878 a janeiro de 1881. Nessa época, a intensificação da luta abolicionista teve a adesão de Bezerra, que usou de extrema prudência no trato do assunto. No dia 16 de agosto de 1886, o público de duas mil pessoas que lotava a sala de honra da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, ouviu, silencioso e atônito, o famoso médico e político anunciar sua conversão ao Espiritismo. Uma comoção. Reformador publicou a íntegra da conferência nas edições de setembro, outubro e novembro daquele ano. O contato com a Doutrina Espírita ocorrera dez anos antes, quando Joaquim Carlos Travassos, que fez a primeira tradução das obras de Allan Kardec, presenteou Bezerra com um exemplar de O Livro dos Espíritos. O episódio foi narrado pelo próprio Bezerra: "Disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava n´O Livro dos Espíritos. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença". Desde então, sua vida foi dedicada ao Espiritismo. Escritor refinado, passou a assinar artigos com temas espíritas. Aos domingos, escrevia no jornal então mais lido do Brasil: O Paiz. Sob o pseudônimo Max, assinava a série "Estudos Filosóficos - O Espiritismo", que escreveu ininterruptamente de novembro de 1886 a dezembro de 1893. Seus textos, inclusive os publicados no Reformador, marcaram época pela dignidade e coragem com que defendia seus pontos de vista e o Espiritismo. Em 1889 assumiu pela primeira vez a Presidência da FEB e iniciou o estudo metódico, semanal, de O Livro dos Espíritos. Entre os diversos livros que escreveu, constam trabalhos doutrinários, políticos e históricos. Todos deixam transparecer a preocupação com os desfavorecidos. Traduziu Obras Póstumas, de Allan Kardec.As divergências se multiplicavam entre os espíritas brasileiros. De um lado os chamados "místicos" e de outro os "científicos". Em 1895, Bezerra de Menezes foi lembrado como o único nome capaz de unir os espíritas. Em 3 de agosto daquele ano, assumiu pela segunda vez a presidência da FEB, cargo que ocupou até a sua desencarnação. À frente da Casa, imprimiu uma orientação acentuadamente evangélica aos trabalhos e recomeçou o estudo de O Livro dos Espíritos. No início de 1900, Bezerra de Menezes foi acometido por uma congestão cerebral. Grande número de visitantes de todas as classes sociais acorria à sua casa diariamente. Em 11 de abril de 1900, às 11h30, desencarnou, no Rio de Janeiro. Seu inventário – localizado no ano passado, pela Assessoria de Comunicação da FEB, no Arquivo Nacional – revela a pobreza que vivia: nada deixou de material para a família. Como Espírito, prossegue na vivência plena da caridade e da humildade: levantando os abatidos, consolando os curvados sob as provas terrenas, orientando espíritos endurecidos, inspirando indulgência. Sua assistência bondosa pode ser sentida nos livros e mensagens que ditou a Francisco Cândido Xavier, Yvonne Pereira e outros médiuns. Tradicionalmente, durante a reunião anual do Conselho Federativo Nacional da FEB, pelo médium Divaldo Pereira Franco, ele fala ao Movimento Espírita: continua a convidar os espíritas à união fraterna, perfumando as almas com seus exemplos de mansidão, devotamento, benevolência e perdão.
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Fonte:
FEB - Federação Espírita Brasileira

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O Bem Operante
No silencio e na Paz do ambiente nundando
de vibrações superiores
Ouvimo-lo dizer:
Senhor Jesus
Neste dia, que amanhece em oportunidade nova,
nós Te louvamos pela dádiva do amor que ele significa.
Abençoando a nossa tentativa de serviços edificante,
Ele representa o Teu amor clarificando-nos as horas.
Vitória perpétua da luz contra a treva, é o símbolo
do triunfo do bem sobre o mal transitório que
se encontra no mundo em transformação.
Sob Tuas concessões altera-se a paisagem terrena
e o trabalho desdobra as ações positivas para o
engrandecimento da vida.
Ajuda-nos a valorizar o milagre das suas horas,
no que podemos fazer a beneficio próprio
e do nosso semelhante, enriquecendo-nos de
amor e coragem para a realização edificante.
Confirma com Tua autoridade superior as
nossas disposições de crescimento e ampara-nos
sempre, porquanto, sem Ti, jamais lograremos
superar as paixões que nos escravizam,
impedindo-nos a felicidade a que nos destinas.
Senhor, despede-nos em paz!...
Bezerra de Menezes
Livro: A Prece segundo os Espíritos
Psicografia de Divaldo Franco

domingo, 9 de agosto de 2009



Ensina-nos a Orar
O planalto da Judéia se eleva naquele local a quase 830 metros acima do nível do mar, no ponto culminante da aldeia de Efraim. Uma região bucólica, onde os damasqueiros se arrebentam em flores e frutos, e as tulipas se multiplicam em campos verdejantes com a abundância do sol dourado, cujos poentes se demoram em fímbrias coloridas, contrastando com as sombras das noites em vitória. A aldeia de Efraim é um amontoado de casas singelas entre flores silvestres e roseiras variadas, situando-se sobre o largo terraço fértil do planalto árido, onde, no entanto, abundam as nascentes cantantes, de cujas bordas se avistam ao longo o vale, onde se escondem abaixo das imensas costas talhadas, o tranqüilo Jordão e o Mar Morto. Dali, a visão dos horizontes é um convite à meditação, fazendo com que o homem se apequene ante a grandeza de Deus.
Naquela paisagem, tudo é convite às coisas divinas. Nesse plano de exuberante beleza, o Mestre elucida aos companheiros fiéis, quanto à comunhão com o Pai. Já lhes falara diversas vezes sobre a necessidade da oração e em muitas ocasiões, deles se apartara, para o silêncio da prece. Em harmonia, freqüentemente, buscava a soledade para a ligação com Deus, através desse ministério ardente e apaixonado.
Certo dia os discípulos aguardavam-no com carinho, ansiedade, e inquiriram-no quanto à melhor forma de orar, como dizer todos ditos da alma Àquele que é a Vida, e que sabe das necessidades de cada um em particular e de todos simultaneamente... Havia, em todos, o desejo veemente de apreender com o Rabi, que com tantas lições lhes dispensara antes com invulgar sabedoria! Naquele momento, um dos discípulos pediu-lhe: "Mestre, ensina-nos a Orar."
O Mestre relança o olhar por aquelas faces expectantes que o buscavam seguir, e desejam adquirir forças, para no futuro se entregar inteiramente ao Evangelho nascente. Depois de sentir as ânsias que através dos tempos estrugiriam, nos continuadores da Sua doutrina pelos caminhos do futuro, sintetizou as necessidades humanas em sete versos, os mais simples e harmoniosos que os humanos ouvidos jamais escutaram, proferindo a oração dominical. As frases melódicas cantaram, delicadas, através dos seus lábios, como se um coral angélico ao longe modula-se um canto de incomparável melodia, acompanhando-o suavemente numa evocação: "Pai Nosso que estás nos Céus..." É a glorificação daquele que é a Vida da Vida, Causa Cáusica do existir. Natureza da Natureza - Nosso Pai!
Entenderam-se, a seguir, os três desejos do ser na direção da Vida, após a referência sublime ao doador de Bênçãos:
"Santificado seja o Teu Nome;"
"Venha a nós o Teu Reino, seja feita a Tua vontade na terra como no céu." Os amigos sentiram, naquela ora, exaltação ao Pai nas dimensões imensuráveis do universo, respeito à grandeza da sua criação através da alta consideração do Seu nome. Resignação atual diante das suas determinações divinas e divina pré-ciência. Um canto de amor e abnegação!
A seguir, as três rogativas em que o homem compreende a própria pequenez e se levanta súplice, confiante, porém, em que lhe não será negado nada daquilo que solicita:
"O pão nosso de cada dia dá-nos hoje;"
"Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores;"
"Não nos deixes cair em tentação e livra-nos de todo o mal."
A base da manutenção do corpo é o alimento sadio, diário, equilibrado, tanto quanto a vitalidade do espírito é a sintonia com as energias transcendentes.. "Dá-nos hoje..." Sustento para a matéria e força para o espírito, de modo a prosseguir no roteiro de redenção, no qual exercita as experiências evolutivas.
O reconhecimento dos erros, equívocos, danos causados a si mesmo e ao próximo... "Perdoa-nos..." Ensejando reparação através da oportunidade de refazer e recomeçar sem desânimo, superando-se e ajudando-se os que nos são vítimas... "...como perdoamos aos que nos devem".
Forças para as fraquezas, em forma de misericórdia, multiplicando as construções das células e das energias espirituais. Reconhecimento das intocáveis fragilidades que a cada instante nos assediam e nos surpreendem... "...livra-nos de todo o mal"..
Naquele momento começava a musicalidade sublime em balada formosa na pauta da Natureza, conduzida pelo vento. Aquela era a mais singela, a mais completa oração jamais enunciada. A ponte de intercâmbio entre os dois planos do mundo estava lançada.
"Pedi e dar-se-vos-á", exorou o Mestre Nazareno. "Ensina-nos a orar!"...rogara o discípulo ansioso...
As virações daquela hora, o embalsamoar de mil odores sutis e constantes, e a festa nos corações. O Reino de Deus está, agora, mais próximo. Divisam-se os seus limites e se vislumbram as suas construções. Nenhum abismo, nenhum óbice, vencidos os obstáculos os caminhos se abrem, convidativos, oferecendo intercâmbio àqueles homens que se levantarão logo mais da insignificância que os limita, e irão avançar em rumo do infinito doravante. Orando, estarão em comunhão permanente com o Pai.
Os discípulos compreenderam o significado da oração, transformando-se e transformando o mundo. O homem sobe ao Pai e o Pai desce à terra. Do solilóquio chega-se ao diálogo, e do diálogo o espírito sai refeito num grande silêncio de paz e vitalidade, exaltando o amor de Deus na potencialidade da oração... "Ensina-nos a orar"... "Pai Nosso que estais nos céus...."

Livro: Luz do Mundo/Divaldo Pereira Franco/Amélia Rodrigues

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Poema da Gratidão


POEMA DA GRATIDÃO
-Senhor, nós desejamos agradecer, agradecer a tudo o que nos destes, tudo o que nos das: o ar, o pão, a paz.
Gostaríamos de agradecer-te a beleza que vislumbramos nos painéis da natureza;
agradecer-te a visão, a felicidade de poder enxergar.
Com os olhos vemos a terra, vemos o céu, detemo-nos no mar.
Graças à misericórdia da visão, Senhor,
podemos contemplar o nosso amor.
No entanto, diante de nossa claridade visual, há os que não tem amanhecer,
e se debatem nas trevas sem a hora matinal.
Deixa-nos, por eles, orar.
Nós sabemos que depois desta vida,
na outra vida, eles também poderão enxergar.
Muito obrigado, Senhor, pelos ouvidos meus,
ouvidos que me foram dados por Deus
e que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro;
a melodia do vento
nos ramos do salgueiro;
as lagrimas que choram nos olhos do mundo inteiro;
a voz melancólica do boiadeiro.
Ouvidos que escutam a melodia do povo,
que desce do morro a praça a cantar;
que, ouvidas, não se esquecem jamais.
Pela minha felicidade de ouvir,
deixa-me pelos surdos pedir.
Eu sei que depois desta vida,
na outra vida,
eles também poderão ouvir.
Muito obrigado pela minha voz.
E também pela voz que canta,
pela voz que ama,
que fala de ternura,
pela voz que liberta o homem da amargura.
Obrigado pela voz da comunicação,
pela voz que ensina,
que ilumina,
pela voz que nos da consolação.
Mas, diante de tanta melodia,
recordo os que padecem de afasia,
os que não podem cantar a noite,
nem falar de dia.
Deixa-me, por eles, orar.
Um dia eles também vão falar.
Obrigado pelas minhas mãos,
mas também pelas mãos que amam,
pelas mãos que lavram,
que aram, que trabalham,
que semeiam.
Pelas mãos que colhem,
que recolhem.
Pelas mãos da caridade,
da solidariedade.
Pelas mãos do amor.
Pelas mãos que cuidam das feridas,
as misérias da vida.
Pelas mãos que lavram as leis,
que firmam decretos,
que escrevem poemas de amor,
que escrevem cartas,
livros, e pelas mãos da caricia.
Mas, sobretudo, pelas mãos que no seio
abrigam os filhos do corpo alheio.
E pelos pés que me levam a andar,
obrigada, Senhor, porque posso caminhar.
Diante do corpo perfeito
deixa-me louvar
porque tenho vida na terra,
olhando os que jazem no leito de dor,
os paralíticos,
os aleijados,
os amputados,
aleijados,
infelizes,
marcados, desgraçados,
deixa-me por eles orar.
Um dia bailarão,
na outra encarnação.
Obrigado, Senhor, pelo meu lar,
meu doce cantinho,
minha tapera,
minha favela,
meu ninho,
minha mansão,
meu bangalô,
meu palácio,
meu lar de amor, meu amor.
Quem pode viver sem o amor?
Seja o amor de uma mulher,
de um irmão,
de um amigo,
de um aperto de mão.
Ate de um cão.
Quem suporta a solidão?
Mas se eu não tiver ninguém,
nem um amigo para minha mão estreitar,
nem uma cama para me deitar,
nem lar, nem mesmo lar,
deixa-me dizer-te, Senhor
que tenho a ti,
que amo a vida,
que e nobre, colorida.
Deixa-me dizer que creio em ti,
dar graças porque nasci.
Obrigado, Senhor, pela crença.
Muito obrigado, Senhor.

Poema de Amélia Rodrigues, por vezes usado por Divaldo Pereira Franco para concluir suas palestras.

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