Jesus.
Abra-me os braços para que meu coração afague todas as avezinhas da infância, espalhadas no caminho da minha vida. Ainda implumes e tombadas do ninho a rés-do-chão, aguardam ternura e socorro imediato.
Deixe que em meu seio o amor construa um teto para albergar todos esses pequeninos sem nome, cujo grande lar é o infortúnio nos caminhos desertos e cujo leito é a estrada malsinada por onde trafegam os incautos.
Tome das minhas mãos e ajude-me a fixar caracteres na argila frágil das suas mentes, modelando com os instrumentos do meu sacrifício a forma delicada do dever, traçando linhas de conduta cristã que lhes exorne o espírito nos dias do amanhã. Bem sei que os homens do futuro são as criancinhas de agora e cuidar delas é construir o mundo novo.
Imponha à minha alma, agora, o respeito por esses cidadãos do porvir.
Ajude-me a dilatar a débil capacidade do meu querer, fazendo-o recender como um perfume de jasmim, a fim de que sendo:
- Mãe, eu lhe ofereça o bisturi para que o meu peito seja rasgado, se necessário, e dele jorre a seiva do encantamento maternal que os fortifique e engrandeça na via do crescimento.
- Mestra, eu tenha a voz mansa, os olhos serenos e a mão cariciosa, no instante do afago ou da reprimenda, à hora da alfabetização ou no momento punitivo.
- Esposa, eu O conduza comigo, para que, se meu ventre negar-se ao ministério sagrado da procriação, eu possa encontrar; nos filhos de outras mães, a continuação da vida que a carne não me pode propiciar.
- Irmã, eu seja possuidora da boa palavra na hora oportuna e do silêncio compreensivo no instante azado.
- Amiga, eu me conduza de tal forma que na amizade sintetize toda a pureza de mãe, a sabedoria de mestra, a nobreza de esposa, a bondade de irmã e a obrigação de amiga fiel porque a infância, Jesus, é o grande solo donde será arrancada a Humanidade nova para a exaltação gloriosa do Evangelho.
AMÉLIA RODRIGUES
(De “Crestomatia da Imortalidade”,
Divaldo Pereira Franco – Diversos Espíritos)
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